Armazenamento de energia: a oportunidade para o setor elétrico

A pauta sobre armazenamento de energia está em destaque no setor elétrico, além de os Sistemas de Armazenamento de Energia (SAE) estarem transformando-o, oferecendo respostas concretas a um dos maiores desafios da matriz renovável: a intermitência.  

Ao possibilitar que a energia gerada em momentos de alta produção, como por usinas solares ao meio-dia ou parques eólicos em madrugadas ventosas, seja armazenada e utilizada sob demanda, os SAE ampliam a confiabilidade, reduzem perdas e potencializam a eficiência operacional.
Leia também: A revolução do armazenamento de energia: o papel das baterias 

Mais do que uma tendência, compreender essas tecnologias, os modelos de negócios e as perspectivas regulatórias desse mercado é um passo rumo a um sistema elétrico mais inteligente, resiliente e sustentável. 

O que é Sistemas de Armazenamento de Energia (SAE)? 

Sistemas de Armazenamento de Energia (SAE) são tecnologias capazes de armazenar energia elétrica para uso posterior, garantindo que a energia gerada, seja por fontes renováveis intermitentes como solar e eólica, ou por fontes convencionais, possa ser utilizada de forma confiável. 

Os SAE funcionam como ‘reservatórios’ de eletricidade, permitindo equilibrar oferta e demanda, estabilizar a rede elétrica, reduzir perdas e aumentar a resiliência do sistema. Eles podem variar em escala, desde soluções residenciais e industriais até grandes sistemas conectados à rede (utility-scale), e em tecnologias, como: baterias, soluções gravitacionais, hidrogênio verde, etc. 

Vale destacar também que: 

SAE é o termo mais amplo. Ele engloba qualquer tecnologia ou sistema capaz de armazenar energia para uso posterior, como citamos acima.  

Quanto ao Sistema de Armazenamento de Energia por baterias (BESS) é um tipo específico de SAE, focado apenas no armazenamento por baterias. É a sigla mais comum no mercado quando se fala em sistemas de íon-lítio ou outras químicas aplicadas a baterias. Hoje, o BESS domina a maioria dos projetos comerciais e utilitários, mas não representa todas as opções de armazenamento. 

Mercado brasileiro de armazenamento de energia  

Quando o assunto é transição energética, o Brasil é um dos países reconhecidos por sua sólida cadeia produtiva para promovê-la.  

Mas aqui estamos falando sobre os Sistemas de Armazenamento de Energia (SAE), na qual o país está prestes a alcançar um marco significativo em 2025, com previsão de 1 GWh de capacidade instalada em Sistemas de Armazenamento de Energia por baterias (BESS), se consolidando como solução para integrar fontes renováveis e mitigar a intermitência energética. 

Atualmente, o Brasil conta com cerca de 685 MWh instalados, um aumento expressivo impulsionado por um acréscimo de 269 MWh em 2024, equivalente a um crescimento anual de 29%, segundo o Megawhat em matéria publicada pela Folha. 

Cabe destacar também que cerca de 70% dessa capacidade está instalada em sistemas isolados (off-grid), atendendo áreas sem conexão à rede principal, enquanto os projetos centralizados representam apenas 10%, e os de aplicação comercial e industrial, 7,5%. 

Esse crescimento é guiado por estratégias claras de mercado: garantir confiabilidade, reduzir perdas e conter custos energéticos, especialmente no uso residencial, se prevendo aumento com a queda de custos seguida do padrão observado no segmento solar fotovoltaico. 

A consultoria Greener estima ainda que o mercado brasileiro de armazenamento conectado ao consumidor somará mais de R$ 22,5 bilhões em investimentos até 2030. 

No entanto, o ambiente regulatório ainda impõe barreiras que comprometem a expansão. Cerca de 79% do custo final dos BESS é composto por tributos, tornando o investimento mais caro e menos atrativo à medida que cresce o interesse por saídas eficientes de armazenamento. 

Principais tecnologias de armazenamento de energia 

Neste tópico, vamos abordar de forma sucinta as tecnologias que já permitem estocar energia, trazendo acessibilidade para quem investe. 

Uma vez que o arsenal tecnológico dos SAE é diversificado e adaptado a diferentes demandas de prazo e escala. Confira! 

Baterias de íon-lítio

Essa tecnologia é a mais difundida no mercado atualmente. Apresenta alta densidade energética, resposta rápida e é amplamente usada em sistemas desde residenciais até escala industrial e utilitária. 

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Hidrelétricas reversíveis

Esse método convencional funciona como uma “bateria hidráulica”: durante a baixa demanda, a água é bombeada para um reservatório elevado e, em picos de consumo, é liberada para gerar energia novamente, oferecendo armazenamento em larga escala e já consolidado. 

Hidrogênio verde 

Por meio da eletrólise, a energia elétrica (idealmente renovável) é convertida em hidrogênio. Esse pode ser estocado por longos períodos e usado depois em turbinas ou células de combustível em setores como indústria e transporte, por exemplo. 

Gás Natural 

O armazenamento de gás natural possibilita ajustar a geração termelétrica de forma flexível, atuando como complemento às fontes renováveis em momentos de maior demanda e garantindo maior flexibilidade ao sistema elétrico. 

Outras baterias avançadas  

Além das baterias tradicionais, existem tecnologias emergentes como baterias de fluxo redox (os eletrólitos líquidos são separados em tanques e circulam por células eletroquímicas), promissoras para aplicações de larga escala com alta durabilidade. Outras soluções inovadoras incluem baterias de ferro-ar e outras químicas alternativas, ainda em estágio de desenvolvimento. 

Desafios regulatórios e tributários 

Para esse ponto, podemos salientar que o desenvolvimento dos Sistemas de Armazenamento de Energia (SAE) no Brasil segue limitado por barreiras regulatórias e fiscais que ainda não foram plenamente superadas.   

Trazemos aqui uma atualização recente pontuada neste mês de agosto de 2025, na qual a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) adiou a regulamentação para os SAEs (sejam eles: baterias, usinas e hidrelétricas reversíveis).
 

De acordo com as informações do Jornal Digital Poder360, o debate que está sendo pautado é: se criam um modelo tarifário específico para SAEs, evitando um impacto negativo em relação aos preços. 

Itaipu Parquetec: case de sucesso  

Aqui um exemplo prático realizado por nós, Itaipu Parquetec em parceria com a Itaipu Binacional e a Secretaria da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (SECIRM), da Marinha do Brasil.  

A Ilha da Trindade, localizada a 1.160 km da costa do Espírito Santo, é um dos territórios mais remotos e estratégicos do Brasil. Historicamente, sua energia era fornecida por geradores a diesel, o que implicava altos custos operacionais e impactos ambientais significativos. 

Em resposta a esses desafios, implementamos, em conjunto, um sistema híbrido de energia renovável. O projeto, denominado Segurança e Eficiência Energética em Ilhas Oceânicas Brasileiras”, teve como objetivo substituir os geradores a diesel por uma solução mais sustentável e eficiente. 

Agora, a nova usina da Ilha da Trindade é composta por: 

  • 480 painéis solares com potência total de 264 kWp 
  • 48 baterias de lítio com capacidade total de 645 kWh 
  • Gerador a diesel de reserva 

Esse sistema foi projetado para garantir autonomia energética, utilizando a energia solar durante o dia e armazenando o excedente para uso noturno ou em dias nublados. O gerador a diesel entra em operação apenas em casos excepcionais, representando menos de 2% do tempo de operação. 

E assim podemos dizer que desenvolvemos uma solução inteligente, limpa e adaptável, criada para transformar realidades. Além de atuarmos como um laboratório vivo, fortalecendo a indústria nacional de energias limpas e apoiando políticas públicas com soluções. Porque em territórios assim, energia é mais que infraestrutura: é qualidade de vida, saúde, educação e conexão.  

Quer saber como essa tecnologia pode se aplicar ao seu território ou projeto?  Fale com a gente pelo Canal de Oportunidades:
https://lnkd.in/dTJeXqkW