Como o BIM otimiza recursos e obras no setor público

Planejamento e tecnologia para garantir eficiência e maior precisão orçamentária na execução de obras públicas 

Muitos projetos de obras públicas ou privadas parecem promissores no papel. Mas só isso não basta: é preciso atender às normas técnicas, respeitar legislações urbanísticas e ambientais e, acima de tudo, garantir uma visão integrada desde o início. 

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Bons projetos para construções exigem métodos mais precisos de planejamento e execução. Nesse contexto, o BIM (Building Information Modeling) se apresenta como ferramenta estratégica para garantir qualidade, reduzir desperdícios e aumentar a previsibilidade financeira das obras.  

Neste artigo, exploramos os principais desafios que ainda geram receio na adoção do BIM, apresentando soluções práticas e estratégicas para garantir conformidade legal, eficiência técnica e maior previsibilidade financeira em projetos de infraestrutura e edificações, tanto no setor público quanto privado. 

Lei de Licitações e Estratégia BIM BR 

A Lei nº 14.133/2021, conhecida como Nova Lei de Licitações e Contratos Administrativos, incorporou de forma explícita o uso de tecnologias digitais no setor público. O BIM é citado como um recurso que pode (e deve) ser aplicado em todas as fases do ciclo de vida do empreendimento, do planejamento à execução e operação. 

Além disso, a Estratégia BIM BR, instituída pelo Decreto nº 10.306/2020, prevê a adoção progressiva da metodologia em contratações públicas. Na prática, isso significa que, em poucos anos, a utilização do BIM deixará de ser diferencial para tornar-se requisito indispensável em licitações. 

Essa mudança normativa não apenas legitima a adoção da metodologia, como também sinaliza que os gestores públicos que não se adaptarem correm o risco de ficar à margem de oportunidades de financiamento e execução de projetos. 

Desafios na Implementação do BIM 

Apesar do avanço gradual, a implementação do BIM no setor público brasileiro ainda enfrenta importantes obstáculos estruturais. Muitos municípios, especialmente os de pequeno e médio porte, ainda não dispõem de equipes técnicas capacitas para conceber ou analisar projetos em BIM. A ausência de programas consistentes de formação e a dificuldade de manter profissionais qualificados fragilizam a implantação da metodologia. 

A complexidade cultural também pesa: migrar de um modelo baseado em desenhos 2D e processo documental fragmentado para uma abordagem digital integrada exige mudanças na forma de pensar e gerir projetos, o que demanda tempo e sensibilidade por parte de gestores públicos. 

No setor privado, a transição já estava em andamento. Iniciativas voltadas à adoção do BIM ganharam força a partir de 2016, impulsionadas pela busca por produtividade, custos previsíveis e vantagem competitiva. Esse movimento consolidou o BIM como prática corrente entre empresas de arquitetura, engenharia e construção antes mesmo do setor público intensificar sua resposta. Enquanto isso, o setor público, ainda em adaptação, enfrenta entraves que retardam sua modernização no mesmo ritmo. 

É verdade que a resposta institucional começou cedo. Em junho de 2017, o Governo Federal criou o Comitê Estratégico de Implementação do BIM (CE‑BIM) por meio do Decreto nº 14.473/2017. Naquele mesmo ano, formou-se também o Grupo de Apoio Técnico (CAT‑BIM), composto por especialistas em áreas como regulamentação, infraestrutura tecnológica, plataforma BIM, compras públicas, capacitação e comunicação. Esses passos indicam que o setor público começou a organizar sua estratégia de adoção do BIM já no final da década passada, mas ainda luta com a maturidade técnica, cultural e estrutural exigida pela metodologia. 

A infraestrutura tecnológica continua sendo um desafio. Para implantar o BIM, são necessários softwares licenciados, servidores robustos e computadores com desempenho compatível, custos que muitas vezes estão fora do alcance dos orçamentos municipais limitados. Mesmo quando existe disposição política, a falta de investimento em tecnologia básica fragiliza o processo. 

Outro ponto crítico é a integração do BIM com os processos administrativos. A adoção de modelos digitais não basta, pois é imprescindível revisar o fluxo de trabalho interno, desde a elaboração de editais até a fiscalização de obras, para consolidar o BIM como ferramenta de governança, e não como mero cumprimento formal de normativas. 

A interoperabilidade também preocupa: a diversidade de plataformas no mercado dificulta a troca de informações entre diferentes atores. A ausência de um ambiente comum de dados consolidado (CDE) e de padrões amplamente adotados dificulta a coordenação de projetos em diferentes esferas da administração pública. 

Superar esses desafios exige uma ação estratégica e coordenada. O setor público precisa se aproximar da maturidade já adquirida pelo mercado privado, investindo em capacitação técnica, modernização de processos, padronização e governança. A implantação do BIM deve ser entendida como um processo contínuo, que demanda planejamento, determinação institucional e uma cultura de inovação enraizada. 

Limitações na captação de recursos públicos e o papel do BIM 

Municípios enfrentam grandes obstáculos na obtenção e execução de recursos públicos, seja por falta de estrutura técnica ou de projetos. Podemos encontrar alguns dados sobre o impacto real na execução de obras públicas: 

  • De acordo com o Tribunal de Contas da União (TCU), até abril de 2025, 50,7 % das obras financiadas com recursos federais (11.469 de 22.621 mapeadas) estão paralisadas — especialmente em educação e saúde (8.053 obras).   
  • No Ceará, cerca de 700 obras federais estão paralisadas, com mais de R$ 1,35 bilhão já liberados e sem execução. Deste valor, seriam necessários aproximadamente mais R$ 20 bilhões para concluir essas obras, que custam cerca de R$ 29 bilhões no total.  
  • No Tocantins, 328 de 575 obras (57 %) estão inativas; o investimento previsto é de R$ 2,1 bilhões, dos quais R$ 475,1 milhões foram desembolsados em obras paralisadas.  

Esses dados evidenciam que a ausência de instrumentos eficazes de gestão resulta em desperdício de recursos públicos e falha na entrega de serviços essenciais à população. 

Qual a importância do BIM nesse cenário? 

Podemos afirmar que a adoção do BIM é decisiva para a transformação do setor da construção civil, pois substitui métodos tradicionais fragmentados por uma abordagem digital integrada. 

No contexto das obras públicas, o planejamento deficiente ainda é a principal causa de atrasos, aumento de custos, aditivos contratuais e desgaste político. Projetos incompletos ou com falhas de compatibilização entre disciplinas resultam em revisões constantes e, muitas vezes, em paralisações. 

O BIM responde a esses desafios ao garantir maior controle e previsibilidade em todas as etapas do empreendimento, seja no setor público ou privado. Mais do que otimizar recursos e evitar desperdícios, o uso da metodologia possibilita: 

  • Clareza e rastreabilidade das informações, facilitando auditorias e verificações técnicas; 
  • Identificação precoce de inconsistências, reduzindo falhas que comprometeriam a execução; 
  • Precisão orçamentária: quantitativos extraídos diretamente do modelo garantem previsibilidade financeira e reduzem aditivos; 
  • Compatibilização de disciplinas, reduzindo falhas de projeto que frequentemente geram aditivos e paralisações; 
  • Documentação técnica padronizada, precisa e auditável, condição essencial para que municípios acessem financiamentos junto a bancos públicos, fundos federais ou organismos internacionais; 

Assim, mais do que um diferencial tecnológico, o BIM é uma estratégia de gestão pública. Ele fortalece a credibilidade dos projetos e dá segurança a financiadores, sejam eles bancos públicos, fundos federais ou instituições internacionais. 

Nossos Serviços 

O uso do BIM não deve ser encarado apenas como inovação tecnológica, mas como estratégia eficiente para garantir qualidade técnica, conformidade legal, precisão orçamentária e execução contínua dos projetos públicos. A falta de planejamento robusto e da visão integrada, como mostra a realidade dos dados, corresponde a recursos paralisados ou desperdiçados enquanto a população sofre com a ausência de creches, escolas, postos de saúde e infraestrutura básica. 

Com essas práticas, empresas, indústrias, prefeituras e outros órgãos públicos podem executar projetos de forma qualificada, segura e dentro da legislação. 

O Itaipu Parquetec atua com projetos em BIM desde 2016, sendo uma das instituições pioneiras na aplicação dessa metodologia no Brasil. Essa experiência consolidada nos permite não apenas acompanhar a evolução normativa e tecnológica do setor, mas também antecipar tendências e liderar processos de transformação digital na construção civil. 

Ao longo dessa trajetória, desenvolvemos metodologias próprias de planejamento, padronização e governança BIM, aplicadas em projetos de diferentes portes e complexidades. Essa expertise coloca o Parquetec em posição de referência para apoiar prefeituras, órgãos públicos e empresas privadas na transição para uma abordagem digital integrada, assegurando que cada projeto atenda aos requisitos técnicos, jurídicos e financeiros exigidos pelos financiadores e órgãos de controle. 

Mais do que consultoria, entregamos soluções estratégicas que tornam o BIM um aliado para obras confiáveis, auditáveis e legalmente seguras. O resultado é a redução de riscos, o fortalecimento institucional e o aumento da competitividade das organizações que incorporam essa metodologia. 

No setor público, isso significa acesso facilitado a recursos e maior previsibilidade na execução de obras. No setor privado, traduz-se em produtividade, eficiência e diferenciação no mercado. Em ambos os contextos, quem projeta com base em segurança jurídica, excelência técnica e visão territorial avança com solidez e sustentabilidade. 

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